quinta-feira, 29 de março de 2012

BGC - Tema 1.1

1.1 - Os conceitos de Biodiversidade

Biodiversidade… Ora aqui está mais um termo que começamos a ouvir todos os dias…Como tantos outros termos, temos uma intenção, uma perceção, de que sabemos do que estamos a falar… Mas, em boa verdade, estamos a falar de quê? Para alguns autores (Williams, 1993) estamos em presença de um conceito “pseudocognitivo” e todos, de forma intuitiva, parecemos partilhar e parecer entender do que “estamos a falar”. Todavia o termo é muito mais amplo do que à partida parece e a abordagem diária, simples e simplista, que fazemos, merece um maior aprofundamento e entendimento que vai muito além do uso vulgar que lhe damos.


Em termos de origem, “Biodiversidade” ou “diversidade biológica” (grego bios, vida) é a diversidade da natureza viva. Desde 1986, (E. O. Wilson, 1986) o termo “Biodiversidade”, e conceitos associados, são vulgares entre a comunidade científica, como biólogos, ou em agentes da sociedade como ambientalistas, líderes políticos e, acima de tudo, entre os cidadãos conscientizados no mundo todo. Este uso, esta “vulgarização” do termo, com virtudes e defeitos associados, coincidiu com consciencialização da humanidade, com base nos estudos e provas de cientistas e peritos, da extinção, observado nas últimas décadas do Século XX.

O termo “diversidade biológica” foi “criado” por Thomas Lovejoy em 1980, ao passo que a palavra “Biodiversidade” foi usada pela primeira vez pelo entomologista E. O. Wilson em 1986, num relatório apresentado ao primeiro Fórum Americano sobre a diversidade biológica, organizado pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos EUA (National Research Council, NRC). Reza a “história” que  a palavra "Biodiversidade" foi sugerida a Wilson pelo pessoal do NRC a fim de substituir a expressão que se começava a vulgarizar de “diversidade biológica” (Lovejoy, 1980), expressão considerada menos eficaz para comunicação.
(Fonte: http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=622).

Foto 2 - acima - Edward O. Wilson

Foto 3, esquerda - Thomas Lovejoy 

De acordo com Araújo, 1998, “apesar da utilização generalizada do conceito de biodiversidade (p.e., OTA 1987; Reid & Miller, 1989; MacNeely et al. 1990; Wilson, 1992; Johnson, 1993) ainda não foi possível operacionalizar nenhuma das múltiplas definições, com vista a possíveis aplicações em planeamento, ordenamento do território e conservação (p.e., Noss, 1990; DeLong, 1996; Gaston, 1996a).” São muitas as propostas e as tentativas de redução do conceito mas ”afigura-se pouco provável que algum dia alguma medida venha a merecer o consenso (Norton, 1994). De facto, o espectro de abrangência do conceito é tão vasto que corre facilmente o risco de, analisado em todas as suas vertentes, se tornar equivalente a Biologia (Gaston, 1996a). Para alguns autores (Williams, 1993) estamos em presença de um conceito “pseudocognitivo” na medida em que todos assumem partilhar a mesma definição intuitiva.”

Não há, assim, conforme exposto e indicado (Araújo, 1998), uma definição consensual de Biodiversidade, muito menos uma “definição”, além da cognitiva, comumente aceite. Uma das possíveis definições é: "medida da diversidade relativa entre organismos presentes em diferentes ecossistemas". Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre espécies e diversidade comparativa entre ecossistemas.
Podemos intuir que se refere à variedade de vida no planeta Terra, incluindo:
- A variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microrganismos; 
- A variedade genética dentro das populações e espécies; 
- A variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; - e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos organismos;
Independentemente das “variações” em torno do termo, como certo aceita-se que a Biodiversidade se refere tanto ao:
- Número (riqueza) de diferentes categorias biológicas;
- Quanto à abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias. 
Dentro destas devemos, ainda, considerar:
- Variabilidade ao nível local (alfa diversidade); 
- Complementaridade biológica entre hábitats (beta diversidade); 
- Variabilidade entre paisagens (gama diversidade). 

Ela inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes, sendo intuitivo que o termo biodiversidade - ou diversidade biológica – descreve, assim, a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.

Para entender o que é a biodiversidade, devemos considerar o termo em dois níveis diferentes: 
- Todas as formas de vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo, 
- E as inter-relações, ou ecossistemas, na qual a existência de uma espécie afeta diretamente muitas outras.
A diversidade biológica está, por isso, presente em todo lugar: no ar, nos solos, no meio dos desertos, nas grutas, nos oceanos, nos charcos, nas tundras congeladas ou nas fontes de água sulfurosas. A diversidade genética possibilitou a adaptação da vida nos mais diversos pontos do planeta. 

Cabe aqui, ainda, lugar para uma outra definição, muito mais desafiante:
- Biodiversidade é a "totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região" (Fonte: http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=622). Esta definição unifica os três níveis tradicionais de diversidade entre seres vivos:
- Diversidade genética - diversidade dos genes em uma espécie.
- Diversidade de espécies - diversidade entre espécies.
- Diversidade de ecossistemas - diversidade em um nível mais alto de organização, incluindo todos os níveis de variação desde o genético.
O universo associado ao termo é de uma vastidão ainda incalculável: por exemplo, não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo. As estimativas, e os únicos dados globais que temos são, apenas, assentes nestas, variam entre 10 e 50 milhões, mas, em boa verdade, e realidade, até agora os cientistas classificaram e deram nome a somente 1,5 milhão de espécies. Entre os especialistas, o Brasil é considerado o país da "megadiversidade": aproximadamente 20% das espécies conhecidas no mundo estão aqui. 

Independentemente de toda a discussão em torno do termo, são já claros muitos conceitos que lhe estão associados e, acima de tudo, é já claro o conceito de “responsabilidade” que deu origem a, por exemplo, passos importantes como o são a Convenção da Diversidade Biológica: este é o primeiro instrumento legal para assegurar a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Mais de 160 países assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993. O pontapé inicial para a criação da Convenção ocorreu em junho de 1992, quando o Brasil organizou e sediou uma Conferência das Nações Unidas, a Rio-92 (Foto 5 - à direita, Rio-92), para conciliar os esforços mundiais de proteção do meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico.
Contudo, ainda não está claro como a Convenção sobre a Diversidade deverá ser implementada. A destruição de florestas, por exemplo, cresce em níveis alarmantes. Os países que assinaram o acordo não mostram disposição política para adotar o programa de trabalho estabelecido pela Convenção, cuja meta é assegurar o uso adequado e proteção dos recursos naturais existentes nas florestas, na zona costeira e nos rios e lagos.

Independentemente de todas as discussões em torno da subjetividade do termo, um conceito é, todavia, já dado como certo e seguro por todos os “beligerantes”:

O papel da Biodiversidade é "ser um espelho das nossas relações com as outras espécies de seres vivos", uma visão ética dos direitos, deveres, e educação


Fonte: http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=622, consultada em 28 de Março de 2012

Bibliografia:
- Araújo, M. (1998) Avaliação da biodiversidade em conservação. Silva Lusitana 6(1). Disponível em: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/course/view.php?id=66651. pp. 19-40.
- Azeiteiro, U., 2009. Biodiversidade e Serviços do Ecossistema. Estudo e Conservação da Biodiversidade. Txt de Apoio – UT1. DCeT. UAb. 
- Lovejoy, T.E. (1996) "Biodiversity: what is it?" In Biodiversity II. Disponível em: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/course/view.php?id=66651. pp. 7-14
- Vaz, S. & Delfino, A. (2010). Livro de Ética e Cidadania Ambiental. UAb

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